Alguém, olhando de fora, ao ver a
minha posição social, poderia dizer que não mudo porque estou acomodado e que
meu emprego é ótimo, assim não posso me queixar; enquanto, outro, numa situação
parecida, sabe o peso que tem aquele crachá, com o nome grafado em caixa alta,
significa que sou apenas mais um número social, obrigado a seguir as regras do
dia. Assim, até eu, que me considero livre, percebo que sou, uma
máquina de produção, ocupada em fazer dinheiro, para mim e para os outros, e
isso se parece mais com um modelo de repressão e não de liberdade.
Então, penso que, sendo um ser em
evolução, gostaria de fazer as minhas mudanças de acordo com o meu tempo, e não
com o do calendário. Mesmo, porque, dependendo da cultura em que se vive, o
homem pode ser guiado pelo calendário solar (Gregoriano), lunar (Islâmico),
lunissolar (Chinês) ou até pelo calendário Maia, que para unir os seus ritos
aos ciclos das plantações acrescentou um pouco mais de tempo ao ano, tem 18
meses.
Depois de observar esses
calendários, vi que existe, também, um calendário guiado pelas doutrinas do
marxismo-leninismo-kimilsunismo (Coréia do Norte), e então, talvez eu possa
pedir a permissão para dizer que a sociedade ocidental é composta pelo
calendário capitalista, que diariamente nos guia para mudanças rápidas, de
acordo com as oscilações do mercado financeiro.
Desse modo, se nesse início de ano,
eu perceber que ainda não mudei, talvez eu possa dizer que sou uma pessoa mais
livre, que não segue as convenções sociais. Porém, alguém poderia dizer também,
que o nome dos que não seguem a manada é “rebelde”, recordando o filme
Juventude Transviada de James Dean; ou, você, meu amig@ que lê esta
crônica, talvez diga, que eu sou apenas uma pessoa mais “lenta” e, que por isso,
precisa um pouco mais tempo para aceitar as mudanças.
Independente da velocidade de cada
calendário, me parece que estou no tempo certo, já que foi nesse tempo que te
encontrei, e é no olhar do outro que me conheço, ou se não, se ainda não me
reconheço, estou em aprendizagem e daí posso dizer que estou vivendo no tempo
certo – de transição. Parafraseando Fernando Pessoa[1]:
Não sei quantas almas
tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me
estranho.
Nunca me vi nem achei [..]
Atento ao que sou e
vejo,
Torno-me eles e
não eu.
Desejo-lhe mudanças, suas e felizes, em 2020!
Abraço da Jô
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