domingo, 5 de janeiro de 2020

Tempo de mudanças - 2020!

Hoje acordei pensando na vida. Ano Novo costuma causar esses rompantes de iluminação, que levam à reflexão, ou são impostos pela urgência do momento de transição. Mas, o que significa essa palavra “renovação” e se eu nada mudar, ela, a vida, se renova?
Alguém, olhando de fora, ao ver a minha posição social, poderia dizer que não mudo porque estou acomodado e que meu emprego é ótimo, assim não posso me queixar; enquanto, outro, numa situação parecida, sabe o peso que tem aquele crachá, com o nome grafado em caixa alta, significa que sou apenas mais um número social, obrigado a seguir as regras do dia. Assim, até eu, que me considero livre, percebo que sou, uma máquina de produção, ocupada em fazer dinheiro, para mim e para os outros, e isso se parece mais com um modelo de repressão e não de liberdade.
Então, penso que, sendo um ser em evolução, gostaria de fazer as minhas mudanças de acordo com o meu tempo, e não com o do calendário. Mesmo, porque, dependendo da cultura em que se vive, o homem pode ser guiado pelo calendário solar (Gregoriano), lunar (Islâmico), lunissolar (Chinês) ou até pelo calendário Maia, que para unir os seus ritos aos ciclos das plantações acrescentou um pouco mais de tempo ao ano, tem 18 meses.
Depois de observar esses calendários, vi que existe, também, um calendário guiado pelas doutrinas do marxismo-leninismo-kimilsunismo (Coréia do Norte), e então, talvez eu possa pedir a permissão para dizer que a sociedade ocidental é composta pelo calendário capitalista, que diariamente nos guia para mudanças rápidas, de acordo com as oscilações do mercado financeiro.
Desse modo, se nesse início de ano, eu perceber que ainda não mudei, talvez eu possa dizer que sou uma pessoa mais livre, que não segue as convenções sociais. Porém, alguém poderia dizer também, que o nome dos que não seguem a manada é “rebelde”, recordando o filme Juventude Transviada de James Dean; ou, você, meu amig@ que lê esta crônica, talvez diga, que eu sou apenas uma pessoa mais “lenta” e, que por isso, precisa um pouco mais tempo para aceitar as mudanças. 
Independente da velocidade de cada calendário, me parece que estou no tempo certo, já que foi nesse tempo que te encontrei, e é no olhar do outro que me conheço, ou se não, se ainda não me reconheço, estou em aprendizagem e daí posso dizer que estou vivendo no tempo certo – de transição. Parafraseando Fernando Pessoa[1]:
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei [..]
Atento ao que sou e vejo,
 Torno-me eles e não eu.

Desejo-lhe mudanças, suas e felizes, em 2020!
Abraço da Jô




[1] Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993).




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